SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE MINÉRIOS E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Comgás aposta no cliente residencial

A distribuidora Comgás apresentou um bom desempenho operacional e financeiro em 2008, mesmo com o agravamento da crise no final do ano. Além do avanço no segmento industrial, a companhia deu passos largos na sua estratégia de aumentar sua participação no setor residencial, que demanda volume menores, mas oferece melhores margens. Segundo o presidente da Comgás, Luis Domenech, a companhia começou a ampliar o ritmo de adição de clientes residenciais à sua rede desde a sua privatização, em 1999, e ainda tem um longo caminho a trilhar.

A taxa de adição de novos clientes residenciais por ano passou de cerca de 25 mil para cerca de 80 mil clientes novos, mas a meta é aumentar para 100 mil. Apesar do avanço, o segmento representou apenas 2,6% do volume total de gás vendido pela companhia no ano passado, com cerca de 800 mil clientes ligados à rede. Para o executivo, o mercado ainda tem um potencial muito grande, quando se leva em conta o número deste tipo de cliente em energia elétrica. Em 2008, a Comgás obteve um aumento de 12,6% no volume de gás comercializado para o segmento residencial, passando de 120,7 milhões de metros cúbicos para 135,9 milhões de metros cúbicos.

Apesar das incertezas que rondaram a economia no ano passado, a Comgás manteve os planos de crescimento em sua área de concessão no Estado de São Paulo, ampliando sua atuação em Campinas, Vale do Paraíba e Baixada Santista. Atualmente, a empresa atua em 67 dos 177 municípios da sua área de concessão. Esta aposta se refletiu no aumento de 3,6% nas vendas de gás da companhia, que somaram 5,2 bilhões de metros cúbicos em 2008.

Os planos de investimento da companhia também foram mantidos, segundo Domenech. Em 2008, a Comgás investiu R$ 403 milhões. Do montante total, 58% foram destinados somente à expansão da rede, sobretudo no mercado residencial. Desde a privatização, os investimentos da companhia somaram aproximadamente R$ 2,7 bilhões, o que representa uma taxa média de crescimento anual de 19,1%.

No ranking, a Comgás se destacou nos quesitos de volatilidade e distribuição de dividendos durante o ano passado. A companhia vai distribuir R$ 200 milhões em dividendos referentes a 2008, em três parcelas, sendo que uma já foi paga. O montante equivale a 38,9% do lucro líquido de R$ 514 milhões obtido em 2008. No ano passado, foram distribuídos R$ 275 milhões em dividendos, equivalente a 53% do lucro. Em relação à baixa volatilidade, o diretor de relações com investidores Roberto Lage explicou que a geração de caixa e a base de clientes da empresa são estáveis porque a Comgás é uma empresa de serviço público, com tarifas fixadas anualmente.

Além desta questão estrutural, ele disse que as ações da companhia também tendem a ter baixa volatilidade porque apenas 21% dos papéis são negociados no mercado, enquanto a Shell detém 6,3% das ações e a Integral Investments BV controla 71,9%. A Integral Investments BV tem como principais acionistas o grupo de gás BG, do Reino Unido, e o Grupo Shell. As ações preferenciais da Comgás fecharam o ano com uma desvalorização de 15,8%, enquanto o índice Ibovespa caiu 41%. As negociações com os papéis registraram um volume médio diário de R$ 4,3 milhões.

Para 2009, a companhia está otimista em relação ao ambiente econômico, que deve garantir a venda de maiores volumes. "O governo está falando de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 0,5% a 1%, o que é bom para o setor de infraestrutura e para nosso negócio", disse Lage. Em relação às margens, a empresa também espera um desempenho favorável porque suas tarifas tiveram reajustes extraordinários em dezembro. A medida foi tomada pela Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp) para corrigir um descompasso entre as tarifas recebidas do consumidor e o preço pago para a Petrobras pelo gás.

As tarifas, fixadas anualmente, tinham sido reajustadas em maio de 2008, tomando como referência o barril de petróleo a US$ 88 e o dólar a R$ 1,75. Nos meses seguintes, as condições de mercado se alteraram e nenhuma das premissas se mostrou acertada ao longo do ano passado. O barril do petróleo chegou a US$ 140 e o dólar atingiu US$ 2,50, o que impactou as margens da Comgás. Apesar de resolver a questão das margens, as tarifas mais altas levaram os consumidores a migrar do gás natural para o óleo combustível, mais barato. "No quarto trimestre, sofremos com a migração dos clientes e com os investimentos que não foram concretizados por alguns setores", afirmou o presidente da companhia. Agora a empresa aposta na recuperação da economia para retomar o crescimento em volume.
Por: Agência Estado

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