Contra o golpe em marcha, vamos às ruas
Após as duas manifestações na avenida Paulista, uma pró e outra contra o golpe jurídico-midiático em curso contra a presidente Dilma Rousseff, estão mais claros os objetivos e a origem social dos dois lados. Podemos concluir que a insatisfação geral com a política aumentou, mas a base social dos que protestam contra o governo Dilma, o ex-presidente Lula e o PT, ainda é a mesma. Pesquisa do Datafolha realizada no local mostra que a renda daqueles que estavam na Paulista dia 13 é muito maior do que a da média da população brasileira. 24% têm renda entre 10 e 20 salários-mínimos, e 26% de 5 a 10 mínimos. Ou seja, participaram daquela manifestação novamente a classe média – que dessa vez foi em peso – e também a classe alta. Outro dado importante é que 12% dos entrevistados se declararam empresários.
O fato de o público das manifestações pelo golpe contra o governo continuar elitizado, logicamente não deslegitima o movimento. Todos têm direito a protestar e muita luta foi necessária para garantir o retorno da democracia em nosso país. Mas é importante destacar esses dados e também declarações dos participantes que provam o caráter antidemocrático e contra as conquistas sociais dessas manifestações. Pelas redes sociais podemos ter a ideia do país que essas pessoas desejam: sem cotas para negros nas universidades, sem bolsa família, sem sindicatos para proteger os trabalhadores, sem movimentos sociais que lutam por moradia e reforma agrária.
Portanto, companheiros, a marcha do dia 13 representa exatamente o oposto do país que queremos. Quem acompanha esta coluna do Petroluta sabe das críticas que temos ao governo Dilma, sobretudo sua política econômica. No entanto, a crise política pede a união da esquerda, sindicatos e movimentos sociais contra um golpe insuflado pela grande mídia e setores do judiciário contra o governo. Mais do que isso, querem impedir uma candidatura de Lula em 2018, pois nas urnas sabem que perdem. As acusações são frágeis, já desmentidas com base em documentos por Lula, mas o judiciário e a mídia já mostraram que não haverá limites na perseguição ao maior líder trabalhista vivo no Brasil.
Cabe a nós trabalhadores ocupar as ruas contra o golpe e em defesa da democracia como fizemos em todo o Brasil nas memoráveis manifestações do dia 18. Nestes dias, é preciso buscar o convencimento boca a boca das pessoas próximas. A mídia alternativa está aí para isso, principalmente com os blogues na internet. É preciso combater a narrativa única propagada pela Rede Globo e a revista Veja, contrapor argumentos, expor as mentiras da mídia. Foi-se o tempo em que a Globo elegia o presidente que ela queria no Brasil, como quando elegeu Collor editando um debate em 1989.
Fiquemos atentos aos próximos eventos contra o golpe. A Frente Brasil Popular já prepara outro na Paulista dia 31, que precisa ser maior do que o do dia 18. Nas universidades e outras entidades da sociedade também acontecem eventos pela democracia e a legalidade. Vamos às ruas contra o golpe! À luta companheiros!
Por: José Floriano da Rocha