SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE MINÉRIOS E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Editorial: A polêmica da taxa de juros

Foi tranquilizadora a declaração dada pela presidenta Dilma Rousseff nesta última semana, quando disse que os juros não serão elevados a patamares elevados sob o pretexto de conter a inflação.

No mês de abril, o aumento do preço de alguns produtos do gênero alimentício foi utilizado por setores da mídia e da oposição para pressionar pelo aumento dos juros. Isso porque quem ganha com mais juros é justamente quem tem muito dinheiro aplicado e também os bancos. Já para o trabalhador, mais juro significa menos produção e, consequentemente, menos emprego.

“Hoje, nós temos uma taxa de juros real bem baixa. Qualquer necessidade para combater a inflação será possível fazer em patamar bem menor”, disse a presidenta Dilma.

A declaração veio após o Banco Central aumentar em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), que serve de parâmetro para os juros no mercado como um todo. A classe trabalhadora espera que esse aumento não continue nos próximos meses, o que pode comprometer o crescimento econômico desse ano. Quanto a isso, Dilma também tratou de nos tranquilizar: “Não há a menor hipótese de o Brasil, este ano, não crescer. Eu estou otimista com o Brasil. Tenho certeza de que nós vamos colher aquilo que plantamos e plantamos muitas sementes e hoje aqui acabamos de plantar mais uma”, destacou.

Apesar do discurso da mídia rentista pressionando por mais juros e mostrando um suposto descontrole da inflação, que não existe, alguns economistas mostram como não é necessário neste momento aumentar os juros. Paulo Kliass, que é doutor em economia pela Universidade de Paris, em um artigo divulgado dia 19, esclarece: “não precisa ser formado em economia para perceber que o aumento da Selic em 0,25 não terá efeito absolutamente nenhum sobre os preços, em especial o dos alimentos. Aliás, estes já começaram a apresentar uma queda, exatamente por não serem submetidos a regime de monopólio ou oligopólio. As famílias não vão deixar de consumir para aumentar sua poupança, em função do aumento de juros tornar mais atrativas as aplicações oferecidas pelos bancos”.

O economista mostra que a elevação dos preços dos alimentos – inclusive da bola da vez, o tomate -, foi causado por fatores sazonais. Ou seja, não há inflação por excesso de demanda.

A classe trabalhadora espera que o governo não ceda ao “lobby” do mercado financeiro e mantenha os juros em níveis que não comprometam a produção e o emprego.

Joaquim Miranda Sobrinho é Secretário-Geral do Sipetrol-SP
Por: Joaquim Miranda Sobrinho

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