SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE MINÉRIOS E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Editorial: Ato do dia 13 mostra força dos movimentos sociais

Diretores do Sindicato participaram do ato em defesa da Petrobras no dia 13/3, que saiu da Av. Paulista e seguiu até a praça da Republica. A manifestação convocada pela CUT, MST e UNE surpreendeu a oposição, confirmou apoio social a Dilma e mostra, definitivamente, que seu governo não pode dispensar o apoio dos movimentos sociais.

As dúvidas dos analistas de jornais e emissoras de TV a respeito dos números da manifestação de 13 de março escondem uma perplexidade política que vai muito além da matemática. A questão central é que ocorreu uma mobilização popular muito maior do que seus estrategistas esperavam, e essa novidade que desmanchou análises e previsões.

Sem apoio de nenhuma máquina de comunicação (ao contrário da manifestação do dia 15), sem ajuda de nenhuma máquina federal, estadual ou municipal sob administração de governos petistas ou aliados — numa postura olímpica digna dos tempos do Barão de Coubertain, que dizia que o importante não é vencer mas apenas competir — milhares de brasileiros foram às ruas, num movimento nacional, para anunciar que:

a) não renunciaram às suas reivindicações;
b) não desistiram do governo Dilma.

Iludidos por marqueteiros que confundem as lições de Rosa Luxemburgo com o supermercado de soluções mirabolantes dos consultores de crise, a estratégia da oposição, antes de sexta-feira, tinha como ponto de partida a previsão de um conjunto de manifestações risíveis, um novo avanço naquilo que anunciam como uma inevitável derrocada do governo Dilma.

Depois de exagerar absurdamente o impacto do batuque de panelas na noite de domingo, imaginavam um desfile de gatos pingados e atemorizados. Erraram feio. Há um descontamento grande, mas não há unanimidades. Mais radical trombone a favor do impeachment, o deputado Paulinho da Força Sindical não arrasta o conjunto da central sindical na oposição a Dilma. Uma parte dos sindicatos ligados à Força, que se alinhou a Dilma em 2014, só não participou da mobilização do dia 13 por um desacerto entre as partes. Quando o debate sobre impeachment chegou à direção do Solidariedade, o partido que Paulinho fundou, a posição da maioria foi de cautela.
O país assistiu na sexta-feira, 13, a uma mobilização gigantesca e bem sinalizada do ponto de vista político, de quem soube levantar as próprias bandeiras sem abandonar o interesse geral da democracia, para decepção de quem torcia por um protesto que servisse para manter Dilma nas cordas. Também erraram.

Procurar incoerência num protesto em que as partes não abrem mão de seus pontos de vista, nem sempre coincidentes, às vezes até contraditários, implica em imaginar a política como uma atividade na qual não se pode mascar chiclete e andar ao mesmo tempo. A experiência mostra que isso acontece o tempo inteiro. Abriu-se um novo momento político do país, que permite a Dilma recompor o governo, reestabelecer o diálogo com a base social e assumir, de uma vez por todas, uma realidade ululante depois da vitória em outubro de 2014: o segundo mandato nunca será protegido em boas ideias de gabinetes isolados.

Não terá saída longe daquilo que no passado se chamava de “movimento de massas”. Foram estes brasileiros que mostraram, para decepção dos adversários, que Dilma não está isolada nem sem apoio.

Essa reação esboça uma nova conjuntura. Fermentada e cultivada cuidadosamente pelos meios de comunicação, numa postura tendenciosa que desmoraliza qualquer compromisso com o interesse público, o protesto de domingo, dia 15, expressarou uma combinação de fatores políticos, show-bizz e tudo mais que os podres poderes da história brasileira são capazes de mobilizar. O caráter político é o que importa, de novo.

Se o protesto de sexta-feira apontou para o futuro, a mobilização de domingo foi, no máximo, a grande marcha de uma multidão de mortos-vivos para fora das próprias catacumbas. Incapazes de oferecer propostas para a maioria dos brasileiros — quanto mais vencer eleições — encaminham seu projeto destrutivo, que tem sido derrotado vergonhosamente nas urnas.
Por: Luiz Muller

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