SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE MINÉRIOS E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Editorial: O elitismo da classe médica

Em resposta às manifestações que tomaram as ruas do país, na área da Saúde o governo federal lançou um programa ousado e também polêmico. Batizado de Programa Mais Médicos, prevê a contratação de profissionais, brasileiros ou até estrangeiros, para trabalhar nas periferias e no interior do país, além de obrigar estudantes de medicina a atuar por dois anos no Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 2015.

A iniciativa prevê também a expansão do número de vagas de medicina e de residência médica, além do aprimoramento da formação médica no Brasil.

Tão logo foi anunciado o programa, começou a gritaria da classe médica. O Conselho Federal de Medicina informou que entrou com uma ação civil pública contra a União, representada pelos ministérios da Saúde e da Educação, para suspender o Programa Mais Médicos. Ao mesmo tempo, protestos em 12 estados do Brasil no dia 23 também mostraram a insatisfação da maioria dos médicos com as medidas do governo.

A reação mostra o quanto essa classe é elitizada e longe dos anseios do povo trabalhador. E explica em parte o motivo da carência de profissionais nas áreas longes dos grandes centros.

Vindos da classe média-alta e alta, os formados em medicina não pensam em atuar nesses lugares. Quando ingressam na rede pública de saúde não cumprem os horários determinados e, às vezes, se utilizam de artifícios pouco éticos para manter o atendimento em consultórios particulares.
Nesse contexto, cabe lembrar a atuação de entidades humanitárias, como o Médico Sem Fronteiras, por exemplo.

Há décadas essa organização leva atendimento médico e ajuda humanitária a pessoas em situação de vulnerabilidade, seja em guerras, secas, ou extrema pobreza. São exemplos que deveriam ser conhecidos pelos nossos futuros médicos. Afinal, a medicina não pode visar somente o lucro.

Esperamos que o governo não ceda à pressão da classe médica e mantenha o programa. Para isso, cabe também aos trabalhadores defender esta proposta. Queremos sim mais infraestrutura e melhores serviços na área da saúde, mas sabemos que só um programa ousado como este irá levar os médicos para as regiões periféricas das cidades e do país.
Por: Joaquim Miranda

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