Editorial: Transporte público e manifestações
Joaquim Miranda Sobrinho
Após uma série de manifestações e por conta da decisão do governo federal de desonerar as empresas de transportes do PIS/Cofins, o preço da tarifa de ônibus caiu em diversos municípios da Grande São Paulo. Na capital paulista, foi anunciada dia 19 a revogação do reajuste das tarifas de trens, Metrô e ônibus, que voltarão a custar R$ 3.
O grupo Mobilize Brasil realizou um levantamento em que constatou o peso das tarifas de transporte coletivo na renda do brasileiro. Segundo o que foi aferido, no Brasil, com a renda média das cidades, é possível adquirir cerca de 630 bilhetes de ônibus ou metrô, contra 1.581 de Nova York, 2.002 em Tóquio, ou 2.986 bilhetes na Cidade do México. (Veja gráfico)
A média brasileira é próxima da de Lisboa, em Portugal, onde o salário médio de 850 Euros (2.422,50 Reais) pode comprar 608 bilhetes no valor médio de 1,40 Euros (3,99 Reais). Outra cidade no mesmo patamar é a de Londres, na Inglaterra, onde as 2.000 Libras (6.700 Reais) do salário médio compram 667 bilhetes simples de metrô, ao valor de 3 Libras (10,05 Reais).
A pesquisa foi feita com base nos valores das tarifas básicas de ônibus e metrô, com dados obtidos do IBGE e das empresas que administram o transporte nas capitais.
Estes números mostram que temos por aqui um dos transportes públicos mais caros do mundo. O problema não é só esse. Todos sabemos que a qualidade também não é das melhores. É sintomático que a população esteja cobrando por melhores serviços.
Para o trabalhador assalariado, um subsídio maior que gerasse tarifas mais baixas iria aliviar o bolso. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o brasileiro gasta, em média, 15% de sua renda mensal com o transporte urbano.
Joaquim Miranda Sobrinho é secretário-geral do Sipetrol
Por: Joaquim Miranda