SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE MINÉRIOS E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Fora da “lista suja” do trabalho escravo, Cosan quer recuperar imagem

“Nós sentimos que esta atitude foi algo que não merecíamos”. A frase, dita pelo CEO (Chief Executive Officer) da Cosan (CSAN3) Marcos Lutz, revela o desapontamento da companhia frente ao episódio no qual envolveu-se recentemente, através da acusação de trabalho escravo pelo governo brasileiro. Em teleconferência nesta segunda-feira (11), a Cosan falou sobre a atual situação da companhia em relação a seus negócios e quais foram os estragos de todo este processo. É hora de “reparar os estragos causados à imagem da companhia”, disse Lutz.

Na última quinta-feira, o Ministério do Trabalho incluiu a Cosan na “Lista Suja” do governo, que corresponde às empresas flagradas explorando mão de obra em condições análogas à escravidão. A denúncia levou o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) a suspender todas as suas operações com a empresa em caráter preventivo.

De acordo com a companhia, a inclusão da Cosan na “Lista Suja” não teve razões cabíveis para tanto. “A inclusão foi feita por alguém que não tem o direito de fazê-la. A única coisa ruim disso tudo foi a perda de tempo”, comentou Lutz. Segundo a Cosan, por este motivo que a empresa permaneceu apenas duas horas na lista, conseguindo obter uma liminar para sua exclusão através do juiz federal do trabalho Raul Gualberto Fernandes Kasper de Amorim.

Problema do passado

Um dos principais motivos para a inclusão da companhia na “Lista Suja” seria a ocorrência de trabalho escravo, em junho de 2007, na usina de Junqueira, em Igarapava (SP), adquirida pela companhia em 2002. “Não há como interligar isso (o ocorrido em 2007) com a inclusão”, afirmou Lutz, destacando que há dois anos e meio atrás as condições eram outras.

Na lista, são incluídos os empregadores cujos autos de infração não estejam mais sujeitos a recursos, segundo o Ministério do Trabalho. A permanência mínima no cadastro é de dois anos, salvo a ocorrência de alguma decisão judicial, e a situação só é revertida caso as companhias tenham corrigido irregularidades identificadas durante inspeção do trabalho.

Na última semana, a gigante do setor sucroalcooleiro afirmara que repudia o desrespeito ao trabalhador. “A Cosan repudia veementemente qualquer prática que não respeite os direitos trabalhistas de colaboradores do seu quadro de empregados e dos quadros de seus fornecedores e parceiros”, revelou a companhia em nota.

Clientes

A permanência da Cosan na “Lista Suja” poderia trazer um impacto significativo sobre a empresa, pois a Cosan ficaria impedida de receber financiamento com recursos públicos durante o tempo de permanência no Cadastro. Além disso, companhias signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo no Brasil também se comprometem a evitar relações comerciais com empregadores acusados de trabalho escravo.

Segundo revelou Lutz, a relação da Cosan com outras empresas e clientes já está sendo normalizada. Contudo, de acordo com ele, a situação da empresa ainda levará um tempo até que sua imagem seja recuperada depois de todo o escândalo da “Lista Suja”. O CEO destacou que a Cosan já entrou em contato com seus clientes a fim de esclarecer a situação e tem recebido “feed backs positivos”, inclusive do Wal-Mart, um de seus maiores clientes.

“O que nós devemos fazer, e o que é mais difícil, é reparar os danos à imagem da companhia porque o impacto disso tudo foi muito forte e mesmo provando que nossas operações estavam corretas, será complicado remover a imagem negativa”, destacou Lutz durante a teleconferência desta tarde.

De acordo com Lutz, a Cosan vem trabalhando juntamente com o governo brasileiro em uma iniciativa chamada Compromisso Nacional de Melhoria do Trabalho no Campo, a fim de evitar que outras situações de desrespeito às leis trabalhistas venham a ocorrer novamente.

Ações

Em resposta à acusação de trabalho escravo, as ações da sucroalcooleira despencaram 5,33% no pregão da última quinta-feira (7), liderando as perdas do Ibovespa naquela sessão

Por: Infomoney

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