Ofensiva da CNI contra nossos direitos
Em 5 de dezembro, no 7º Encontro Nacional da Indústria em Brasília, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), máxima entidade empresarial do setor, entregou à presidente Dilma Roussef, acompanhada por 6 ministros, uma cartilha com 101 propostas para modernizar as relações de trabalho, isto é para diminuir o Custo Brasil flexibilizando e liquidando direitos trabalhistas.
Não por acaso essas propostas foram apresentadas num momento em que o anunciado crescimento do PIB pelo ministro Mantega foi medíocre, demonstrando que a política de isenções fiscais para setores da indústria não levou os capitalistas a investirem no aumento da produção, e que os efeitos da crise internacional do capitalismo começam a se fazer sentir com mais força no Brasil.
Com o pretexto de tornar mais competitivas as indústrias instaladas no Brasil boa parte delas multinacionais, como se sabe as propostas da CNI reduziriam a pó os direitos inscritos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Resumidamente o que quer a CNI é flexibilizar leis que hoje garantem a licença-maternidade, o descanso aos domingos, jornadas de trabalho definidas, restrições ao trabalho noturno, redução da jornada com redução de salários, ampliar a terceirização, ao mesmo tempo que busca empurrar os encargos sociais hoje assumidos pelos patrões para a Previdência ou diretamente para os cofres públicos.
Negociado vale mais que a lei
A cartilha da CNI mostra o caminho para se chegar ao tal aumento de competitividade das empresas. Ela insiste na proposta de que acordos feitos entre patrões e sindicatos de trabalhadores devam prevalecer diante do que está estabelecido em lei, e ainda explica que: “Para isso, é necessário que seja explicitamente previsto que a negociação coletiva feita por sindicatos representativos tenha a mesma força da tutela legal”.
Mais adiante se propõe até mesmo que para algumas categorias de trabalhadores o acordo individual prevaleça sobre o acordo coletivo.
Como se vê, os capitalistas continuam insistindo que o negociado prevaleça sobre a lei, coisa que já tentaram emplacar na época de FHC e o movimento sindical, com a CUT à cabeça, os derrotou, mas que volta e meia fazem reaparecer pela boca de parlamentares e agora na pressão exercida pela mais importante entidade empresarial do país.
Dentre as propostas da CNI figura também a de criar um fundo antidesemprego com recursos do FAT (que são dos trabalhadores), proposta inspirada na jornada curtaexistente na Alemanha, a desoneração da folha salarial para as empresas e a redução dos pisos salariais.
Nenhuma organização sindical dos trabalhadores digna desse nome pode aceitar esse pacote de desregulamentação das leis trabalhistas que são as 101 propostas da CNI. A começar pela CUT, que, além de adotar uma clara posição de rechaço ao pacote, deve recusar qualquer negociação com os patrões e governo sobre a base de tais propostas!
Por: Júlio Turra, diretor executivo da CUT Nacional