SINDICATO DOS TRABALHADORES NO COMÉRCIO DE MINÉRIOS E DERIVADOS DE PETRÓLEO NO ESTADO DE SÃO PAULO

Venda direta não vai baratear gás de cozinha, diz Sindigás

Fonte: Jornal do Commercio (PE)

O preço do gás de cozinha não deve baixar depois que a Agência Nacional do Petróleo (ANP) permitiu, na sexta-feira, 19, a venda direta pelas distribuidoras do botijão de 13 kg, sem obrigatoriamente passar pelos revendedores.

O presidente do Sindigás, Sérgio Bandeira de Mello, que representa as oito maiores distribuidoras de gás do país, diz que, na verdade, a norma evitou que viesse a ocorrer um aumento de custo pela burocracia.

“Não há nenhuma redução por esse ato regulatório. O que há é um não incremento de custo. Não teremos um custo a mais”, afirmou Sérgio. Hoje, na composição de preço de um botijão de 13 kg vendido por R$ 70, por exemplo, o valor do produto corresponde a cerca de R$ 26. Os impostos correspondem a R$ 12 e o restante são as margens da distribuição e revenda.

O presidente do Sindigás explica que antes havia uma situação burocrática. “A distribuidora podia fazer a venda direta, desde que constituísse uma nova empresa, com CNPJ diferente, para atuar como revenda. A ANP entendeu que era uma burocracia desnecessária”, esclareceu.

Segundo o presidente do Sindigás, o que foi mantido é a possibilidade de as distribuidoras atenderem diretamente a clientes, quando não houver eficiência das revendedoras. Mas ele afirma que não há intenção das distribuidoras em atuar nessa capilaridade do mercado no lugar das atuais revendedoras.

“O Sindigás não vê nenhum planejamento estratégico por parte das distribuidoras para substituir seus revendedores onde eles são eficientes. 95% do GLP envasado hoje é comercializado pelas revendas justamente pela eficiência delas em fazê-lo. Onde a revenda é competitiva ela é a parceira ideal das distribuidoras.”

Sérgio diz ainda que é através da cadeia das revendas que as distribuidoras conseguem atender a todos os municípios do Brasil. “Você não substitui um canal de vendas apenas porque quer. É um processo caro. Quem detém a clientela é a revenda, através da eficiência”, afirmou. Hoje existem cerca de 70 mil revendas de GLP no Brasil, cerca de 30% delas são independentes e os outros 70% estão vinculadas a alguma marca distribuidora.

Os revendedores de gás de cozinha reagiram à decisão da ANP em permitir que as distribuidoras de gás possam vender o botijão de 13 kg diretamente ao consumidor residencial.

Desde 2016, a venda porta a porta só podia ser feita através de uma revenda que poderia ser vinculada a uma única distribuidora ou a várias, as chamadas revendas independentes.

A diretora regional da Associação Brasileira de Entidades de Classe das Revendas de Gás LP (Abragás), Francine Gulde, contesta a afirmação da ANP de que a medida vai aumentar a concorrência e pode beneficiar o consumidor. Francine revela que existem 2.496 revendas de gás de cozinha em Pernambuco. Para ela, a concorrência já é acirrada. Mas apenas em uma ponta.“Apenas cinco distribuidoras dominam o mercado de gás de cozinha em Pernambuco. A verdadeira concorrência só vai acontecer quando o governo abrir o mercado para outras distribuidoras”, diz Francine Gulde.

A Abragás divulgou nota lamentando a decisão da ANP. “A medida apenas protege o oligopólio das distribuidoras, lhes dando o direito, quando querem, de atacar e aniquilar a revenda quando esta migra para outra marca na busca de sobrevivência comercial”. A nota é assinada pelo presidente da Abragás, Jose Luiz Rocha.

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